quarta-feira, 13 de maio de 2009

CONTOS DE UM DIA SÓ - 2




Naquele dia, ela tinha tudo para ser a mesma. Copeira, arrumadeira, cozinheira. Provedora. Sofredora.
Naquele dia, o espelho tinha tudo para refletir a mesma imagem. Olhos tristes, boca amarga, corpo cansado.
Naquele dia, ele tinha tudo para fazer o mesmo. Acordar tarde, perambular pelos bares, voltar, almoçar, dormir a sesta. Jantar. Beber. Bater.
Aquele dia tinha tudo para terminar igual. Sexo apressado. Ronco pesado.
Mas...
Naquele dia, ela não foi a mesma, ele não fez o mesmo.
Aquele dia virou noite. E foi parar nos jornais.

3 comentários:

  1. Uma resenha policial????????? mas numa linguagem de conto literário...........penso até que poderia ser letra de uma música, porque não????????

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  2. Oi Tânia,
    Seus contos são ótimos. Mas sobretudo esse é muito bom. Ele é estranhamente belo. Gosto muito de seu estilo: poucas explicações, grandes significados.
    Concordo com o comentário de que poderia sr música. O conto tem um "ritmo", uma musicalidade. Muito bom.
    Rodrigo Duarte

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  3. Oi, Rodrigo! Oi, Rudolfo! Deixo aos dois a tarefa de musicalizar o conto, pois os dois devem ter alma de músicos, quando nada um bom ouvido musical. Bom ter como leitores gente com alma de artista. Um abraço aos dois.

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