Nascera em plena primavera. Talvez por isso, sempre tivera perfume de flor. Inverno, só conhecia de ouvir falar. Um dia, a primavera se foi e levou com ela as sementes. Nesse dia, ela conheceu o inverno. Hibernou até morrer.
domingo, 26 de abril de 2009
domingo, 19 de abril de 2009
MATILDA
Matilda era assim. Sem jeito. Corpo mirrado. As pernas finas, meio cambotas, quase escondidas nas saias compridas e desajeitadas. Os seios eram pequenas protuberâncias, quase invisíveis nas blusas largas e de corte irregular. Nada em Matilda chamava a atenção. Nada, a não ser os cabelos. Macios, sedosos e dourados, os cabelos de Matilda alimentavam a inveja das mulheres. Os cabelos contrastavam com o sem jeito de Matilda. Doce, quieta e tranqüila. Assim as vizinhas definiram Matilda quando perguntadas sobre ela. Se morava sozinha? Sempre, depois que o pai e a mãe morreram. Primeiro a mãe, depois o pai. Matilda saía pouco, sim, apenas para comprar o necessário. Se as vizinhas notaram alguma modificação no comportamento de Matilda? É, houve um dia em que Matilda passou e não deu bom-dia. Mas não foi só isso, lembrou outra vizinha. Elas notaram que as pernas de Matilda pareciam mais longas. Não eram as pernas, lembra? Era a saia que estava mais curta! E a blusa, a vizinha não lembra? A blusa estava mais colada ao corpo. Elas até comentaram que os seios de Matilda não eram tão pequenos assim! Houve risos mal disfarçados. Ninguém sabia dizer, não, senhor. Vigiar elas vigiavam, afinal, ali todas se conheciam e se gostavam. Se gostavam até demais, emendou o marido, se gostavam tanto que ninguém fugia da vista delas. Nem da língua, emendou um outro. O caso não é de rir, não senhor, foi até muito triste. Na noite anterior, a vizinha vira Matilda sair sozinha. Claro que ela estranhou! Se havia um homem? Ninguém sabia dizer, não senhor. Se tivesse ela saberia, moravam parede e meia, falava lá, escutava aqui. Naquela noite, a vizinha não escutara Matilda chegar. Pensou até em ir à casa dela no dia seguinte. Mas não teve tempo. É que tinha ido à padaria e o jornal estava lá. Tinha a foto de uma mulher meio sem jeito e a foto era meio sem cor, foto mesmo de jornal. Mas foram os cabelos que chamaram a atenção. Ah, seu moço, eu conheceria aquele cabelo em qualquer lugar. Depois, tinha o nome: Matilda. E lá estava ela. Comprei o jornal, sim, levei pra casa. Foi assim que os outros ficaram sabendo. Tá certo, se soubessem de mais alguma coisa, ligariam sim. Ligar? Ah, sim, vá esperando! A santinha do pau oco enganara todas elas. Tinha um homem! Tanta mulher querendo! E a sem jeito, a desenxabida tinha um. Matilda, quem diria! Bem se diz “boi sonso a marrada é certa”. E bota marrada nisso, seu moço!
A IMAGEM DO CONTO
Eu me propus a escrever. Ele se propôs a ilustrar. Eu entendo pouco da arte de ilustrar. Ele disse que quase nada entende da arte de escrever. Eu gosto é da palavra. E ele do traço. Então ficamos assim: você acha a palavra e eu encontro o traço. Tudo bem! E o que vem primeiro, palavra ou traço? Palavra. Você conta o conto. Eu ilustro o conto. Mas quem conta um conto aumenta um ponto! E qual é a função de um conto senão agregar mais pontos? Quantos mais pontos, mais lidos os contos.
E assim ficamos eu, ele e o projeto “A IMAGEM DO CONTO”. Aqui, o visitante encontrará, todas as semanas, um novo conto. De antemão, um aviso: sou extremamente cotidiana. Feito comida no prato. Ele? Ah! Ele eu não sei, minha função é de escrever. A dele, a de me surpreender. Pois não é que sempre ele encontra um jeito novo de contar as minhas palavras? Eu sou eu no texto. Ele é ele nas ilustrações. Como ele mesmo já me escreveu: “... o caminho de quem desenha não coincide – visto ser paralelo – com o de quem escreve, deve o ilustrador emprestar à obra a parte da sua alma que lhe pertence. “
E assim, ficamos nós: eu, ele e você, nosso visitante. As palavras são parte da minha alma. Os desenhos, parte da alma do ilustrador. Cabe a você que nos visita acrescentar parte da sua alma neste site.
E assim ficamos eu, ele e o projeto “A IMAGEM DO CONTO”. Aqui, o visitante encontrará, todas as semanas, um novo conto. De antemão, um aviso: sou extremamente cotidiana. Feito comida no prato. Ele? Ah! Ele eu não sei, minha função é de escrever. A dele, a de me surpreender. Pois não é que sempre ele encontra um jeito novo de contar as minhas palavras? Eu sou eu no texto. Ele é ele nas ilustrações. Como ele mesmo já me escreveu: “... o caminho de quem desenha não coincide – visto ser paralelo – com o de quem escreve, deve o ilustrador emprestar à obra a parte da sua alma que lhe pertence. “
E assim, ficamos nós: eu, ele e você, nosso visitante. As palavras são parte da minha alma. Os desenhos, parte da alma do ilustrador. Cabe a você que nos visita acrescentar parte da sua alma neste site.
Tânia Colares – mãe e escritora
Frederico Rocha – filho e ilustrador
Frederico Rocha – filho e ilustrador
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